
De tempos em tempos parece necessário resgatar alguns conceitos históricos desenvolvidos por sociólogos para que não canham no esquecimento ou para que não tenham seu sentido desviado. Nos anos 1960, Wright Mills, sociólogo da tradiação crítica norte-americana, desenvolveu o conceito de "imaginação sociológica", que ajudou muitos de seus alunos na época a se engajarem nos mais diversos movimentos sociais que emergiram naquele contexto agitado, além de questionarem as razões para uma Guerra com o Vietnã.
Wright Mills (1969) descreve o pensamento sociológico como uma prática criativa, que define como “imaginação sociológica”. Essa prática criativa seria a tomada de consciência sobre a relação entre o indivíduo e a sociedade mais ampla. Trata-se da capacidade de conectar situações da realidade, como os interesses em disputa, percebendo que a sociedade não se apresenta de determinada forma por acaso. Essa conscientização derivada do conhecimento sociológico permite que todos (não apenas os sociólogos por formação) compreendam as ligações existentes entre o ambiente social pessoal imediato e o mundo social impessoal que circunda e que colabora para moldar as pessoas. Resgatando elementos específicos elaborados pelos pensadores sociais mais clássicos, Mills (1969) aponta como um elemento-chave dessa “imaginação sociológica” a capacidade de poder visualizar a sociedade com um certo sentido de distanciamento, em vez de fazê-lo apenas da perspectiva das experiências pessoais e das pré-concepções culturais.


Como base nessa forma de reflexão, Schaefer (2006) entende que a “imaginação sociológica” é uma ferramenta que proporciona poder, que permite olhar para além de uma compreensão limitada do comportamento humano, ver o mundo e as pessoas de uma forma nova, através de uma “lente” mais potente que o olhar habitual. Pode ser algo tão simples como entender por que alguém com quem temos afinidades prefere música sertaneja ao hip-hop ou entender as diferenças culturais entre as populações do mundo.
MILLS, Wright C. A imaginação sociológica. 2ª Edição. Rio de Janeiro: Zahar Editores, 1969. 246p.
SCHAEFER, Richard T. Sociologia. 6ª edição. São Paulo: McGraw-Hill, 2006.
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